Salve Legionários, trago hoje, “Oh! Rebuceteio“, no meio das nossas fileiras, uma pérola da pornografia “Brazuca” do cinema da Boca do Lixo (eu sei que muita gente não gosta desse termo).
“Oh! Rebuceteio” (1984) um exemplar típico do período da pornografia do cinema brasileiro, senão o mais famoso. Produzido e dirigido por nada menos do que Cláudio Cunha (1946 – 2015), salva-se na fronteira entre o inteligente e o abominável.
Um filme muito bem produzido, com cenas de sexo vigorosas, com orgias que me faz lembrar da minha querida Roma antiga. Vale pelo belo elenco e o humor que traz na película.
Repleto de metalinguagem, a lá “A Chorus Line” da putaria, “Oh! Rebuceteio” nos remete a todas aquelas histórias de liberdade sexual dos anos 70, característica do meio artístico em que a história se passa.
Cunha nos envolve num um lance psicanalítico, incorporando um diretor teatral, Nenê Garcia, o guru da liberdade, que se esconde atrás do seu pudor e obscuridade. Faz com que jovens entre 20-25 anos, ávidos pela fama, se esgotem nas intensas orgias de sexo grupal.
As cenas de sexo são tratadas com a plasticidade e o cuidado de quem tinha conhecimento no assunto. Rola muita sacanagem com direito a lesbianismo, sexo grupal e um sutil sexo anal. Não acreditei quando rolou essa cena de sexo anal no Canal Brasil (risos). É legal de se assistir, mesmo que você não seja tão ligado no “punhetismo”, porque o filme até que é engraçado.
Não é errado dizer que em quase 40 anos depois, “Oh! Rebuceteio”, no meio dos metidos a cinéfilos, ainda busca o seu devido reconhecimento. Um filme cult nacional, tratado com o mesmo olhar cuidadoso que devotamos às obras de Tinto Brass.
Legionário que ainda não era nascido na época, pensa que “Oh! Rebuceteio” foi rodado em meados de 1983, mais ou menos, na época em que a Aids se espalhava pelo mundo. No Brasil iria se disseminar por volta de 1985, de modo que a retórica a favor do sexo sem limites acabou morrendo na praia.
“Rebuceteio”, no dicionário, é traduzido como grande confusão. Grande confusão é a própria vida, é isto aqui…um rebuceteio”.
Este foi o último trabalho do diretor Claudio Cunha para a tela grande. Anos seguintes viria a se dedicar ao teatro. Seu personagem mais famoso, O Analista de Bagé, fez grande sucesso e ficou muito tempo em cartaz.
Deixou para trás uma filmografia pequena mas diversificada, que com certeza será lembrada, entre os altos e baixos na produção daquele tempo e pela criatividade e ousadia no trato cinematográfico. Faleceu em 20 de abril de 2015 aos 68 anos de idade.
Oh! Rebuceteio
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